terça-feira, 22 de novembro de 2011

Apenas seja...





Fiquei pensando que talvez isso não seja dom. Talvez seja só isso. Só escrever por escrever. Ou sei lá. Mas também pensei no que é dom.
 Dom é a mais pura natureza desenvolvidada em ossos e articulações, e somos nós a natureza. Dom vem sem pedir passagem, chega sem convite e permanece sem permissão. Ele cresce desde unhas até cabelos, e antes que possamos perceber ele toma conta de pensamentos inesperados. Dom é amigo e não pede nada em troca. Ele chega e diz pra quê veio e se aceitarmos as tais condições de existência, ele surpreende até desconhecidos. Quando bem quisto, queima em vontade de sair pra ver o que há diante de nossos olhos.
  E arde em mim uma vontadade de contar o canto dos pássaros e de observar a tarde indo dormir. Sede tenho de gritar bem mansinho os meus desejos. Curiosidade bate pra conhecer os diversos sentidos de sentimentos separados por espaços. Saudade dói de meus personagens que sofreram tanto através do mal uso de certas letras. E felicidade brota como flor em jardim de primavera quando sei que não olho com olhos de quem vê, olho com olhos de quem ama.
 Será que esse reboliço de sensações é Dom? Talvez sim, ou talvez não. Mas o que me importa definir em uma palavra as minhas tranformações se vivo porque não me defino? E vivo assim pois descobri um pouco de mim em uma longa conversa com algumas palavras que refletem nada menos que eu. Então que seja eu, que seja o dom. Apenas seja.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

voltamos...





Senti falta de completar os meus dias com palavras que não precisam de compromisso umas com as outras para fazerem sentido. Senti falta de simplesmente solta-las para que possam voar livremente e se cruzarem formando laços. Senti falta de me expor (pra quem  quer se seja), pelo simples fato de soltar as letras que me sufocam com nós necessitados de ar...
Espero, que possamos continuar de onde paramos e seguir.. só por seguir.
Deixo hoje, uma das minha parcerias preferidas com as palavras:


Escutando algumas músicas, que nada tem a ver com o assunto, passei a pensar um pouco mais sobre o silêncio. Algumas pessoas tem mania de associar o fato de silenciar um momento, com a solidão. A vontade de ficar só, nem sempre representa tristeza. O silêncio é um ótimo professor. Ficar calado incentiva a nossa capacidade de pensar e refletir. A nossa cabeça pode estar cheia de inutilidades, mas alguma hora ela vai produzir coisas válidas e essencialmente importantes para o nosso crescimento. No começo é muito difícil desviar a nossa "máquina de futilidades" para algo que não vá sair do foco que a colocamos. Um exemplo bom é quando alguém pede silêncio pra alguma coisa qualquer, se nao exercitarmos  o pensamento obediente ele acaba caindo em lugares que você nem imaginava poder estar.
O silêncio é um hábito que deve ser praticado diariamente, e isso é muito sério. A nossa vida está muito bagunçada. Apenas um minuto por dia, pode modificar as próximas 23 horas e 59 minutos. A paz e a mansidão estão inteiramente ligadas a ele. O barulho costuma confundir e o silêncio acalma, conserta, organiza... e por aí vai.
Eu costumava observar o pôr-do-sol todos os dias quando podia. Eu morava pertinho da praia, eu o via entre prédios e nem me importava. Quando tinha tempo caminhava até aquele lindo calçadão e lá me entregava a  beleza das cores que misturadas causavam em mim sentimentos que nem eu sei o nome. Ali, observando o espetáculo diário que a natureza nos oferece, eu aprendi a silenciar minha alma, calar meus pensamentos e trazer pra perto tudo aquilo de bom que eu posso atrair. Parei durante um tempo, pois no lugar que moro agora o sol não aparece daquela maneira indescritível, e como consequência veio  o barulho. Não aquele de carros, e máquinas, e pessoas gritando. Não, esse não. Mas aquele que habita dentro de mim, aquele que me atormenta querendo resolver tudo da maneira menos sensata e me enche de ansiedade. Fui deixando, e deixando. Fui me embolando, me machucando... fui errando. Até que  uma saudade enorme, não-sei-de-que e não-sei-de-quem, vinha todo dia num horário indeterminado, mas sempre em momentos inoportunos. Resolvi dar atenção. E me deparei com ele de novo, o silêncio. Era ele o tempo todo querendo me acordar e me tirar daquele sufoco. Aí voltei. Voltei a observar  detalhes que me levavam novamente a tudo aquilo que eu precisava  pra não me pré-ocupar.
Então, por favor... um minuto de silêncio.